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O Dia da Europa e a Marca do Património Europeu

A 9 de maio de 1950, era publicamente apresentada a “Declaração Shuman”, considerada por alguns “um ato ousado”, mas que fundaria as bases para a criação de uma Europa unificada, cooperante e pacífica. Robert Shuman, político, advogado e ministro dos negócios estrangeiros francês de 1948 a 1952, é justamente considerado um dos pais fundadores da unificação europeia: a par com Jean Monnet, elaborou o projeto que ficou conhecido como Plano Schuman, que deu a conhecer publicamente no dia que, hoje, passados 72 anos, celebramos como O Dia da Europa.

Este ministro propunha a criação de uma Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que visava a formação de um mercado comum para estas mercadorias - as mais importantes para a produção de armamento -, entre os países fundadores, e aberto a todas as nações europeias que a ele quisessem aderir. A ideia foi apresentada ao chanceler alemão Adenauer, que logo a aceitou, pois compreendeu que estava perante uma oportunidade de estabelecer uma paz duradoura. No seu entendimento, quem não pudesse controlar estes bens nunca poderia iniciar uma guerra. A CECA foi criada formalmente em Abril de 1952 e teve como membros fundadores, a França, a República Federal da Alemanha, a Itália, os Países Baixos, a Bélgica e o Luxemburgo.

Robert Schuman nasceu em 1886, no Luxemburgo, junto à fronteira, como cidadão alemão. Mais tarde, adquiriu a nacionalidade francesa, e desde muito cedo viveu num contexto de uma multiculturalidade que a passagem de fronteiras permite, mas com uma pesada “bagagem histórica”: viveu a 1ª Guerra Mundial, testemunhou o aparecimento dos nacionalismos entre guerras e, durante a 2ª Guerra Mundial, tornou-se membro da resistência francesa, chegando a ser preso pelos nazis.

Foi na sua típica residência lorena, situada em Scy-Chazelles, em França, que o político acorreu para passar uns dias nos finais de abril de 1950, numa época em que a Europa ainda se tentava erguer dos escombros provocados pela guerra, e onde  foi redigido este importante documento, que representa a criação de uma união próspera e duradoura, de solidariedade, cooperação e desenvolvimento económico entre as nações europeias, nascida da necessidade de se estabelecer medidas concretas para a preservação da paz.
Depois da sua morte, em 1963, a casa passou a ser gerida por uma associação que tem promovido este lugar - agora transformado em Casa Museu, e com novas valências, como uma exposição, um auditório e um jardim -, onde o legado de Robert Shuman é dado a conhecer, através de atividades educativas e culturais.

A casa de Robert Shuman foi reconhecida com a Marca do Património Europeu (MPE) no ano de 2014.
 A iniciativa Marca do Património Europeu teve início em 2011 e tem como principal objetivo fomentar o sentimento de pertença à União Europeia, através do património cultural europeu, e também promover o diálogo intercultural baseado na construção e reconstrução de valores – valores de cidadania, democracia e respeito pelos direitos humanos.
A Marca do Património Europeu já distinguiu até ao momento 48 diferentes bens patrimoniais e serão oficialmente apresentados 12 novos sítios MPE, em junho próximo. Todos os sítios ou bens patrimoniais distinguidos com esta importante marca representam marcos simbólicos essenciais para a construção da história e da cultura europeias. Entre eles, está o Promontório de Sagres, aqui tão perto de nós, mas também a Carta da abolição da pena de morte (Torre do Tombo, Lisboa), o Património cultural subaquático dos Açores e a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, apenas para citar os nacionais. Observando apenas estes 4 exemplos portugueses, podemos facilmente constatar a diversidade patrimonial da Marca do Património Europeu, um projeto que nos une, pelos valores que representa: valores de cooperação, de solidariedade, de respeito pelos direitos humanos, de abertura, de democracia, e de PAZ, uma paz agora tão frágil. Mais do que valores europeus, estes são valores humanitários universais que importa promover, e continuar a reconstruir sempre.

Saiba mais sobre o interessante projeto Marca do Património Europeu

Poderá ainda consultar o texto integral da Declaração de Shuman.